16 de Setembro de 2019
Recebo frequentemente na minha casa - que não é exatamente a minha casa, mas me refiro assim simplesmente por morar nela - inquilinos indesejados. Aquela tia que faz perguntas indiscretas; aquele primo que vem se escorar, em buscar de apoio para sua vida de vadiagem; ou simplesmente pessoas que nem são inquilinos, apenas visitas, mas que sua mera presença se torna um estorvo.
O que fazer em uma situação assim? Você, assim como eu fico, pode ficar constrangido de mandar que tais pessoas vão embora lhe devolvendo sua tão sonhada paz para apenas assistir sua Netflix em paz, sem ter que responder pela ducentésima vez que não está em nenhum relacionamento e que não tem nenhum dinheiro para emprestar.
Se você for uma pessoa de sorte, mora sozinha em sua casa - ou apartamento, ou quitinete, ou barraco, ou ponte, ou coisa que valha - e tem sua privacidade a maior parte do tempo. Mas permita-me extrapolar sua casa para que ela seja seu bairro. Faça mais um esforço e extrapole para sua cidade, estado, país... pare quando chegar no planeta. Nosso pequeno ponto azul e flutuante. Mas será nosso mesmo?
Antes do ser humano existiam primatas e mamíferos gigantes dominando o planeta. Antes ainda vieram dinossauros. Antes ainda, bactérias e archeas. Sendo assim somos inquilinos na casa das bactérias.
Volte então alguns parágrafos acima. Pense quantas dessas práticas do mau inquilino a humanidade faz. Pedimos recursos emprestados a natureza que nunca devolveremos, quebramos o que ela construiu, devastamos todo o equilíbrio que ela cuidadosamente, ao longo de milênios, instaurou. Basicamente estamos quebrando o vaso ming caríssimo que ela economizou desde o pré-cambriano.
Um exemplo recente que tenho a oferecer é do novo aterramento que pretende-se - queira Deus que não aconteça - na Praia do Futuro, nosso litoral. Isso ameaça corais, espécies de botos e tartarugas que dependem da orla. Isso por quê? Porque queremos mais 80 metros de praia. Qual a diferença desse aterramento para um dos seus primos chatos que deitou no sofá e não deixa ninguém assistir TV? A diferença está na escala. Seu sofá tem 2 metros e você vai perder a receita da Ana Maria e duas ou três piadas do Louro José; e vão soterrar 80 metros de faixa de areia que destruirá a casa de milhares de animais.
Agora se seu inquilino chato se demora a ir embora, você encontrará o seu limite e será deselegante. Expulsará ele de sua casa e finalmente terá de volta a sua paz, apesar de ficar com um pouco de culpa em si. E eu pessoalmente acho que a natureza pode lidar com uma culpa desse tipo.
O que fazer em uma situação assim? Você, assim como eu fico, pode ficar constrangido de mandar que tais pessoas vão embora lhe devolvendo sua tão sonhada paz para apenas assistir sua Netflix em paz, sem ter que responder pela ducentésima vez que não está em nenhum relacionamento e que não tem nenhum dinheiro para emprestar.
Se você for uma pessoa de sorte, mora sozinha em sua casa - ou apartamento, ou quitinete, ou barraco, ou ponte, ou coisa que valha - e tem sua privacidade a maior parte do tempo. Mas permita-me extrapolar sua casa para que ela seja seu bairro. Faça mais um esforço e extrapole para sua cidade, estado, país... pare quando chegar no planeta. Nosso pequeno ponto azul e flutuante. Mas será nosso mesmo?
Antes do ser humano existiam primatas e mamíferos gigantes dominando o planeta. Antes ainda vieram dinossauros. Antes ainda, bactérias e archeas. Sendo assim somos inquilinos na casa das bactérias.
Volte então alguns parágrafos acima. Pense quantas dessas práticas do mau inquilino a humanidade faz. Pedimos recursos emprestados a natureza que nunca devolveremos, quebramos o que ela construiu, devastamos todo o equilíbrio que ela cuidadosamente, ao longo de milênios, instaurou. Basicamente estamos quebrando o vaso ming caríssimo que ela economizou desde o pré-cambriano.
Um exemplo recente que tenho a oferecer é do novo aterramento que pretende-se - queira Deus que não aconteça - na Praia do Futuro, nosso litoral. Isso ameaça corais, espécies de botos e tartarugas que dependem da orla. Isso por quê? Porque queremos mais 80 metros de praia. Qual a diferença desse aterramento para um dos seus primos chatos que deitou no sofá e não deixa ninguém assistir TV? A diferença está na escala. Seu sofá tem 2 metros e você vai perder a receita da Ana Maria e duas ou três piadas do Louro José; e vão soterrar 80 metros de faixa de areia que destruirá a casa de milhares de animais.
Agora se seu inquilino chato se demora a ir embora, você encontrará o seu limite e será deselegante. Expulsará ele de sua casa e finalmente terá de volta a sua paz, apesar de ficar com um pouco de culpa em si. E eu pessoalmente acho que a natureza pode lidar com uma culpa desse tipo.
Gabriel Nunes, 16/09/2019
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