03 de Setembro de 2019
Basta que você entre pelas portas (dianteiras na maior parte do tempo) dos ônibus da cidade de Fortaleza para identificar um ambiente opressor e ao mesmo tempo familiar.
Eu que faço uma viagem de aproximadamente uma hora e meia de ônibus diariamente, fora as viagens extras para lazer, passo dois dias e meio por mês dentro de ônibus, isso segundo uma continha rápida (1,5 x 2 x 5 x 4/24). Não tem como não se acostumar ao ambiente.
Atualmente, porém, algum desavisado pode acabar se assustando ao entrar no ônibus, dar bom dia para o motorista, dar bom dia para a senhorinha que senta todos os dias na cadeira amarela preferencial, se virar para cumprimentar o trocador e encontrar uma cadeira vazia, com apenas a sua gaveta de dinheiro a juntar poeira. O nobre amigo pode até mesmo se preocupar com a saúde de seu tão familiar trocador, mas será em vão, pois perguntará por ele ao chauffeur e receberá a resposta que já deveria ter visto antes de entrar no ônibus, na forma de uma placa verde e com a palavra "autoatendimento" grafada em letras garrafais.
E assim essas figuras singulares vão sumindo do nosso dia a dia. Outra profissão que é podada pela ascensão da tecnologia. Agora com apenas uma passada de um cartão você paga a sua passagem e o excelentíssimo prefeito ainda economiza o ordenado de todos os profissionais que agora fazem parte das estatísticas de desemprego galopante do país.
Será que em breve nos esqueceremos das grosserias, das conversas inadequadas desses sujeitos com os motoristas, ou do característico som metálico da moeda batendo na catraca do ônibus para alertar ao chauffeur que todas as pessoas que desceriam naquela parada já desembarcaram? O provável é que sim.
Acontece que o trocador possuía um papel muito maior que receber em dinheiro e tratar mal os passageiros. Ele era parte de um ecossistema e agora - como diria Darwin - adaptaremo-nos.
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Sinto em pensar que os berros de:
- Ainda vai descer, motô!
Se tornarão ainda mais frequentes.
Eu que faço uma viagem de aproximadamente uma hora e meia de ônibus diariamente, fora as viagens extras para lazer, passo dois dias e meio por mês dentro de ônibus, isso segundo uma continha rápida (1,5 x 2 x 5 x 4/24). Não tem como não se acostumar ao ambiente.
Atualmente, porém, algum desavisado pode acabar se assustando ao entrar no ônibus, dar bom dia para o motorista, dar bom dia para a senhorinha que senta todos os dias na cadeira amarela preferencial, se virar para cumprimentar o trocador e encontrar uma cadeira vazia, com apenas a sua gaveta de dinheiro a juntar poeira. O nobre amigo pode até mesmo se preocupar com a saúde de seu tão familiar trocador, mas será em vão, pois perguntará por ele ao chauffeur e receberá a resposta que já deveria ter visto antes de entrar no ônibus, na forma de uma placa verde e com a palavra "autoatendimento" grafada em letras garrafais.
E assim essas figuras singulares vão sumindo do nosso dia a dia. Outra profissão que é podada pela ascensão da tecnologia. Agora com apenas uma passada de um cartão você paga a sua passagem e o excelentíssimo prefeito ainda economiza o ordenado de todos os profissionais que agora fazem parte das estatísticas de desemprego galopante do país.
Será que em breve nos esqueceremos das grosserias, das conversas inadequadas desses sujeitos com os motoristas, ou do característico som metálico da moeda batendo na catraca do ônibus para alertar ao chauffeur que todas as pessoas que desceriam naquela parada já desembarcaram? O provável é que sim.
Acontece que o trocador possuía um papel muito maior que receber em dinheiro e tratar mal os passageiros. Ele era parte de um ecossistema e agora - como diria Darwin - adaptaremo-nos.
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Sinto em pensar que os berros de:
- Ainda vai descer, motô!
Se tornarão ainda mais frequentes.
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