02 de Setembro de 2019
Estava caminhando pelas ruas de meu bairro com minha cadela de estimação. Moro em um subúrbio de Fortaleza e acabei entrando em uma rua de casas humildes (a quem estou tentando enganar, todas as casas aqui no meu bairro são humildes) e não pavimentada. No meio da rua um grupo de crianças brincava de bater umas nas outras com pedaços de isopor. Quando passei por elas eu vi que tinham se dividido em grupos. Mocinhos e bandidos. Sorri comigo mesmo ao ver aquilo, pois me lembrei de minha própria infância, quando brincava exatamente daquela forma com meus amigos.
É engraçado como fatos simples levam a raciocínios que você nunca pensou ter. Tudo estava ali na sua mente, todas as peças para ter aquela ideia, mas precisava de um pontapé inicial.
Juntando minhas memórias de infâncias, o jeito que minha mãe me tratava e as histórias de infância dela, percebi uma coisa.
A afirmação de que "a infância está morrendo" é uma falácia. Só porque seu filho(a) passa o dia no celular jogando com amigos virtuais, não brinca correndo no meio da rua como você brincava e não tem nem metade dos amigos que você tinha, não quer dizer que ele(a) é uma criança diferente de você.
Ora, pense comigo: quem deu o celular a ele(a)? Quem impede que ele(a) vá correr na rua por mede dele(a) se machucar ou pegar alguma doença? Quem sobrecarrega ele(a) com estudos e atividades educativas, tirando o tempo que ele(a) teria para se divertir? Uma dica: é você mesmo.
O mundo mudou, certo. Não dá mais para deixar crianças correndo sozinhas na rua tranquilamente. Mas a infância tem que ser adaptada, não arrancada das crianças.
Dizer que "a infância está morrendo" é uma falácia simplesmente porque ela não está morrendo. Estão matando-a.
Portanto, da próxima vez que pensar em comprar um celular para o seu filho, ande mais um pouco para a sessão de eletrodomésticos da loja, se compre uma geladeira e dê o isopor para seu filho. Vai se impressionar como as crianças podem ser criativas.
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