Dois dedos de cachaça sobre autoconhecimento

Dizem que o álcool é um soro da verdade, que aquilo é falado quando se está bêbado é o que você realmente pensa. Claro que essa afirmação é um exagero. O que acontece é que quando você sai um pouco de si, acaba perdendo alguns freios que foram colocados em sua vida  alguns que você nem sabe quando foram colocados lá, ou mesmo tem noção da existência deles. Barreiras que muitas vezes não são reais, apenas linhas de giz desenhadas no chão, fronteiras impostas pela sociedade ou por si mesmo, que conscientemente você as evita, foge delas e se vê acuado no meio de um círculo branco.

Quando saímos um pouco do mundo consciente, não é difícil esquecer da existência desses meridianos e passar por cima de um ou de outro. A consequência disso é nos conhecermos de verdade — além de algumas vergonhas e confusão —, descobrimos sobre desejos reprimidos por medo de julgamento, sobre pensamentos que evitamos falar para não desagradar alguém.

Eu tinha medo de beber.

Tinha medo de descobrir o que havia por detrás dessas linhas. Acabei descobrindo que o que havia fora do círculo não era nada mais do que eu já sabia. Zero surpresas. Afinal eram linhas e não paredes. Conseguia ver claramente para além delas. Isso é muito sintomático de um problema maior: o medo de se conhecer.

Quem é você? O que você quer? Do que gosta? De quem gosta? Como gosta? São perguntas das quais não é difícil fugir por medo das respostas. Não é difícil se enganar também. Fingir que a resposta a cada pergunta é uma, quando na verdade pode ser algo completamente oposto. É importante se conhecer para poder ser você de verdade e não apenas uma casca.

Autoconhecimento te leva onde você quer chegar, e estar onde você quer, com as pessoas que você quer, sabendo quem você é, é algo que não tem preço algum.

Se sentir amado vale um mundo.

Se sentir amado sendo quem você é, é um universo.

Para ser quem é, primeiro você precisa descobrir isso. Pouco a pouco eu vou descobrindo. Às vezes penso que cheguei ao fim da jornada, apenas para descobrir outro mundo de coisas sobre mim.

Todo mundo é um mundo, e o mundo é um universo. Nos descobrir é a maior aventura que podemos vivenciar.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Cavalo de Troia do tempo

O homem frio

Inteligência? Artificial?