A Máquina Sentimental
Henrique abriu o guarda-roupa atochado de vestimentas que ele não usava há mais de um ano. Na verdade, na ocasião da compra, levou por estar na moda. Todos nas ruas usavam aquilo, e todos pareciam felizes em usar aquilo. Infelizmente essa felicidade não durou um mês, já que na terceira semana, um crítico de moda europeu atacou a onda, e todos tiraram as camisetas verdes na rua mesmo e as atiraram no chão. Num canto do quarto, uma estante exibia uma coleção de quadrinhos que ele nunca leu, mas estavam na moda dois anos atrás. Prateleiras enfeitavam o quarto, com action figures de personagens que ele não se importava, mas todo mundo tinha. Pelo menos no semestre passado. Vestiu uma roupa qualquer que achou jogada por lá e saiu para a rua. Havia acordado aquele dia com um vazio preenchendo o seu peito. O que significava que uma nova moda havia sido lançada e ele tinha que ter ela. Enquanto caminhava nas calçadas, ele apalpou o bolso que continha o cartão sem limites, como se sentiss...