Existe Amor no Carnaval?
Ela sacudia o seu corpo com vontade, saltava e dançava com uma
destreza ímpar e hipnotizante, acima de tudo, impressionante.
Impressionante como o copo descartável em sua mão não derramava
uma só gota do líquido dourado e espumante que comportava.
De onde estava, podia vê-la claramente. Estava com um grupinho de
amigas, as quais eram ofuscadas ante a presença dela.
Segurei minha garrafa de cerveja com mais força. Naquela hora eu
juntava coragem para ir falar com ela. Foi quando nossos olhos se
cruzaram pela primeira vez, e minha mão afrouxou. Os cabelos, depois
daquela dança toda, derramavam seus cachos sobre os olhos dela.
Olhos esses de um castanho-claro-claríssimo, os quais faziam você
sentir que nada o que você fizesse, seria suficiente para merecer
olhar diretamente naqueles olhos, mas também fazia você querer a
qualquer custo tentar.
Quando ela me viu, sorriu, ofegante. Os dentes perfeitamente
alinhados abertos em um sorriso. De repente eu estava ofegante
também.
Meu coração batia descontroladamente e todos os meus pensamentos
convergiam em um só: Preciso falar com ela. Ela também começou a
vir na minha direção
Quando veio o estalo, desviei o olhar e fui embora. Ela pareceu
decepcionada. Pelo menos por um instante. Agora, longe das amigas,
ela era um alvo fácil pra qualquer conquistador de meia tigela.
Menos um segundo depois de eu ir embora, olhei para trás e vi que a
língua dela já estava roçando na de outro cara. Foi nessa hora que
percebi que tinha tomado a decisão certa.
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